Saudade Imortal em Soneto
E então quando a saudade vier e virá
pedirei que chegue bem pertinho.
Que vá buscar por um pálido carinho
e veja assim que sobrou nada de você.
Verá, vasculhando este corpo cansado,
a inapetência de um fervor insaciável:
e a saudade que era há pouco inabalável
morre aos poucos por não ter o que comer.
Tu me conheces, sabes que sentirei pena
e amenizando o amargo da sentença plena,
darei um pedaço do que foi e não é mais.
E uma vez mais já se dará por satisfeita.
Essa saudade quase morta se endireita,
encolhe os ombros, se despede: até mais!