Soneto para um violão
Meu violão há muito está calado
Num cantinho qualquer do meu sofá!
Desafinado em si, dó, ré, mi, fá,
Em sol, vive também desafinado.
Nos tempos que tocava "Sabiá",
E meus dedos ainda tinham calo,
Sentava na calçada pra tocá-lo,
Enquanto tu cantavas lalalá...
Meu violão gastou a poesia!
Já não toca e, raramente, chia
O chiado enfadonho das pestanas.
Já não sente o aperto da tarraxa!
Hoje eu acho, que ele também acha
Cordoalhas de nylon muito estranhas.