Soneto para um vaga-lume
Com os olhos da noite, nada vejo!
Mas o meu coração, que tudo vê,
Vê de longe a saudade de você
E, de perto, os suores do desejo.
Meu coração, não sei bem o porquê,
Me faz sentir um cego no escuro.
E sempre que não crê no que procuro,
Me faz acreditar que ele crê.
Com os olhos do dia, vejo tudo!
Mas o meu coração se cala. E mudo,
Me faz acreditar que nada vejo.
Sou como um vaga-lume pequenino,
Que acende e apaga sem destino,
E vive a vida inteira num lampejo.