SONETO 53
Da gasta crica à língua espúria é puta
Sem cura ou trégua, é quenga sem frescura,
À missa, à míngua de recato, é pura
Lascívia a mais vulgar no que há labuta.
À praça dos pregões da má conduta
À espreita de tesões, não de ternura
Perfaz o itinerário da procura
E oferta o fruto seco em manha arguta.
Dos tontos que seduz mas não ilude
Terá seu lucro líquido e algo imundo
Na alegre noite imensa, ah, deus a ajude...
A breve chama a abismo tão profundo
É pura empáfia e a arremetida rude
Pretende seu paraíso num segundo.
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