Dizeres póstumos

Imploda, coração, nuns mil pedaços

E sangre, sangre a tinta desta pena!...

Derrame toda angústia que gangrena

E a escorra pelas veias dos meus braços!...

No derradeiro instante destes passos,

Se ponha, Dor, um pouco mais amena

Que a mágoa que minh'alma extraterrena

Suporta cá herdando só fracassos...

Que fique a nossa chaga bem exposta

À mosca que voando vem e encosta

Como uma obediente sentinela...

E que, como eu, também sejam poetas

Os vermes que nas vísceras abertas

Farão versos roendo-me a costela!...

Daniel Guilherme de Freitas
Enviado por Daniel Guilherme de Freitas em 20/03/2023
Código do texto: T7744716
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