Rediviva
Não há o que me dome ou que me vença,
pois danço sobre a morte dos instantes.
No fôlego das horas causticantes
rabisco um sonho, anulo a indiferença.
Morro e revivo em átimos de crença,
e em minha boca nasce o verso de antes
que, urdido em meus intrépidos talantes,
resvala o céu da minha dor imensa.
O verso vivo, claro e sedutor,
unge, de fé, as penas mais veladas,
rasgando o véu do altar em meu favor.
Se morro à luz das noites fugidias,
suspiro no luzir das alvoradas
e vivo além das lágrimas dos dias.
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