Dois poços

Ah, meus suaves olhos de criança

Que espelharam, um dia, a cor dos mundos,

Hoje são como dois poços profundos

Em que trepida a luz, que nunca alcança!...

Na roxidão das horas que os avança,

- Pois já viram de tudo, os moribundos -

Me confessam desejos oriundos

Da mais intensa falta de esperança!...

Vestindo desde cedo o negro luto,

Por esta triste vida dum adulto

Que nem sentido vê em os abrir,

Choram na escuridão dos tempos idos,

Como dois poços gastos e esquecidos

De rarefeitas águas, a se esvair...

Daniel Guilherme de Freitas
Enviado por Daniel Guilherme de Freitas em 14/03/2023
Reeditado em 22/03/2023
Código do texto: T7740000
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