Natimorto
Tão logo um riso minha boca espia,
Feito uma rosa, já nascida murcha,
A Dor que sinto para baixo o puxa
E torna a linha côncava, sombria...
Feitiçaria duma velha bruxa,
Dessa alma rancorosa, má e esguia
Chamada, por assim, Melancolia,
Que a gravidade toda ela me empuxa...
Portanto, a vida inteira foi-me um horto
Que padeci do riso natimorto,
E o levei num caixão, que é só meu...
Rogo que velem meu sorriso vago...
É que um assim, igual este que trago,
Só pode ser d'alguém que já morreu...