Natimorto

Tão logo um riso minha boca espia,

Feito uma rosa, já nascida murcha,

A Dor que sinto para baixo o puxa

E torna a linha côncava, sombria...

Feitiçaria duma velha bruxa,

Dessa alma rancorosa, má e esguia

Chamada, por assim, Melancolia,

Que a gravidade toda ela me empuxa...

Portanto, a vida inteira foi-me um horto

Que padeci do riso natimorto,

E o levei num caixão, que é só meu...

Rogo que velem meu sorriso vago...

É que um assim, igual este que trago,

Só pode ser d'alguém que já morreu...

Daniel Guilherme de Freitas
Enviado por Daniel Guilherme de Freitas em 13/03/2023
Código do texto: T7739325
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