O idealista
Boia em meu crânio, amada Helena, uma visão
Que desde minha infância veio se assentar
Em meu cérebro – tão pesado… – e cravar
Um par de férreas garras em meu coração:
Comigo em seu alado dorso, a Ilusão
Apontou-me ao horizonte um lugar
Que, de tão belo, sentiria o profanar
Se em toscas linhas lhe esboçasse descrição,
E disse-me Ela: “Meu pupilo! Inexiste
Este refúgio além dos confins de tua mente!”
Respondi-lhe, entre determinado e triste:
“Então vou escrever! Deslindar fielmente
Tudo aquilo que em meu interior existe –
E meu refúgio farei real, finalmente!”