TRILHA DE SONETOS XCVI- "INEFÁVEL", DE CRUZ E SOUSA
*CRENÇA*
"Nada há que me domine e que me vença",
Pois, crendo em Deus, possuo mais saúde
E resistência, à luz da própria crença,
Nutrindo-me de fé e de virtude.
Ah, mas na caminhada dura, tensa,
O Amor do Pai conduz à infinitude,
Extirpa o cancro da pior descrença
E tira da alma toda a inquietude!
Em tempos de incertezas, só, prossigo,
Fazendo de Jesus o meu amigo,
Bem longe das sandices desgraçadas
Que contaminam muitos na alegria,
Pois torno a ter um sonho de outro dia
"E de outras mais serenas madrugadas!"
Ricardo Camacho
*PAZ*
“Nada há que me domine e que me vença”,
nem há o que me torne menos crente
no instante em que me calo tristemente
ante à mentira vil ou uma ofensa.
Mas antes redescubro a paz intensa
que nasce feito flor no meu presente,
pois mesmo que, a razão, o verbo invente,
eu colherei a rosa em sã avença.
A cada instante, a cada novo dia,
na muda impavidez que nutre e guia,
eu sinto as árduas dores remansadas.
E as minhas esperanças vestem asas,
voam além do céu de noites rasas
“e de outras mais serenas madrugadas!”
Geisa Alves
*CONVALESCENÇA*
"Nada há que me domine e que me vença,"
Pois tenho, no Senhor, o meu escudo
E a minha fortaleza, sobretudo,
Para enfrentar, com fé, qualquer doença.
Eu sinto o amor fraterno na presença
De cada visitante, mesmo mudo,
Que forra a minha cruz com seu veludo
E torna a minha carga menos densa.
São tantos os que rezam pela cura,
Por eles, tantas graças derramadas,
Minha saúde, aos poucos, se afigura.
Eu sinto tantas mãos entrelaçadas
Em busca de cuidados, com ternura,
"E de outras mais serenas madrugadas!"
Luciano Dídimo
*RESILIÊNCIA*
“Nada há que me domine e que me vença”,
carrego a força infinda que me arrasta
ao reino da utopia, e entusiasta,
na poesia busco a recompensa.
E sou guerreira, mais do que se pensa,
jamais serei, na vida, iconoclasta,
domino a dor, que nunca me vergasta,
também rancores, mágoas, malquerença.
Eu já morri nas pontas das adagas
e renasci das cinzas, entre pragas,
a realizar colheitas tão sonhadas.
Por entre os interstícios das quimeras
Desvelo todo o encanto das esperas
“e de outras mais serenas madrugadas!”
Edir Pina de Barros
*MEU EU REDIVIVO*
"Nada há que me domine e que me vença,"
pois danço sobre a morte dos instantes.
No fôlego das horas causticantes
rabisco um sonho, anulo a indiferença.
Morro e revivo em átimos de crença,
e em minha boca nasce o verso de antes
que, urdido em meus intrépidos talantes,
resvala o céu da minha dor imensa.
O verso vivo, claro e sedutor,
rasgando o véu do altar do meu agror,
unge, de fé, as penas mais veladas.
Se morro sob as lágrimas dos dias,
renasço à luz de noites fugidias
"e de outras mais serenas madrugadas!"
Geisa Alves
*VENCEDOR*
"Nada há que me domine e que me vença",
Seguindo sempre em frente o meu caminho,
Sem ver o fim da estrada estreita, imensa,
Na plenitude de vagar sozinho.
Com uma dose de volúpia intensa,
Feito um narcótico de um velho vinho,
A tentação suave não compensa,
Pois joga o seu veneno, com carinho.
Na arena do destino predador,
Aprendo ser o exímio vencedor,
Ouvindo, à meia-noite, as badaladas...
E, ao mesmo tempo, o sonho encantador
Vem do êxito, do sol, da sua cor...
"E de outras mais serenas madrugadas!"
Ricardo Camacho
*SAUDADE*
“Nada há que me domine e que me vença”,
sou filha do querer infindo e forte,
que sobrevive além, depois da morte,
da mágoa, do desdém, da desavença.
E não dependo, não, de credo ou crença,
de verso que me cante ou que me exorte,
pois nada muda minha força e sorte,
carrego a eternidade em mim apensa.
Enquanto o tempo passa eu cresço, viço,
aumenta meu poder, também feitiço
e adenso nas ausências prolongadas.
Eu sou presença ausente do passado,
das horas divididas, lado a lado,
“e de outras mais serenas madrugadas!”
Edir Pina de Barros
*NA FÉ!*
"Nada há que me domine e que me vença",
visto que a Luz Divina está comigo,
cuidando e me livrando do inimigo...
Envolve-me na sua paz imensa!
Meu coração se alegra na presença
daquele que me livra do perigo,
protege a minha vida... e assim prossigo,
na fé, buscando a linda recompensa
de um dia merecer a paz celeste
e conquistar, da santidade, a veste,
pelas ações, a cada irmão, doadas.
Reflito as mãos que doam, estendidas,
lembrando as almas boas, destemidas,
"E de outras mais serenas madrugadas"!
Aila Brito
*NOVOS DIAS*
"Não há que me domine e que me vença",
Pois tenho a proteção da Luz Divina,
A dor da minha vida tudo ensina,
Carrego minha cruz, e minha crença.
A "Luz" da qual falei surgiu intensa,
Sanando, em mim, a mácula ladina
Que carreguei no peito e na retina,
Por tudo quanto vi... que recompensa!
Aos vícios mais mundanos fui entregue!
A dor de tal lembrança me persegue;
Porém mudei o rumo das passadas.
Assim vibraram risos de alegrias,
Senti mudar as forças desses dias...
"E de outras mais serenas madrugadas!
Douglas Alfonso
*O ESCUDEIRO*
"Nada há que me domine e que me vença"
Porque cavalgo armado da certeza,
Montado no ginete da firmeza,
Na Terra, praticando a benquerença.
No lobrigar das noites, minha crença
Aumenta no poder da Natureza,
Em versos, realçando-lhe a grandeza,
Dela destaco a sã onipresença.
Buscando convencer os hominídeos
Que assaltam o Planeta, feito equídeos,
E deixam as biotas arrasadas
Mantenho a lança, sempre, em prontidão.
Extraio do negror a convicção
"E de outras mais serenas madrugadas".
José Rodrigues Filho
*SOB A LUZ DA FÉ*
"Nada há que me domine e que me vença",
A paz pude encontrá-la, e promovê-la,
Escuto a voz de Deus em cada estrela,
Na natureza sinto tal presença.
Espero que a razão a ti convença!
A fé purificada podes tê-la,
Mas não blasfemes e ouses corrompê-la,
Pois sentirás de Deus a força intensa.
Cada segundo dita para nós
Que há algo eterno e não estamos sós,
Pois nossas vidas são abençoadas.
Aos tempos, tenebrosos, dês adeus,
Vivendo bem melhor os dias teus...
"E de outras mais serenas madrugadas!"
Douglas Alfonso
*ESPERANÇA SUBLIMINAR*
"Nada há que me domine e que me vença",
Ainda que no chão da desventura,
Sentindo, à fronte, o vento da descrença,
Mas sob os olhos da Suprema Altura
Que, vigilante, Mãe da Grande crença,
Espia o meu presente de amargura,
Fiel, no cumprimento da sentença,
Enquanto não alcanço a sepultura.
Na oscilação de todos os caminhos,
Constato que nem tudo são espinhos,
Pântanos, gritos, lágrimas e espadas...
Da natureza, a face esperançosa,
Vem da manhã, da noite bonançosa
"E de outras mais serenas madrugadas!"
Ricardo Camacho
*SUPERAÇÃO*
"Nada há que me domine e que me vença",
eu falo assim... afirmo a todo instante,
pois tive que encarar a indiferença
daquele olhar sombrio e tão distante...
Portanto, ao derrotar a dor imensa,
criei em mim a audácia de um gigante
e sei que mereci a recompensa,
não há qualquer pesar em meu semblante!
Eternamente, almejo a paz comigo,
aos poucos, aprendi a me conter,
e, assim, renasce o amor por onde sigo!
Eu sei que existem páginas viradas,
por isso prezo os dias de prazer
"e de outras mais serenas madrugadas!"
Janete Sales Dany
*RESILIENTE…*
“Nada há que me domine e que me vença”,
pois sobra-me coragem e bravura,
a revestir de alento alguma agrura
que ponha em risco a minha doce crença.
Nada haverá que impeça ou me convença
de desistir da intrépida aventura,
de caminhar altiva e com lisura,
pisoteando toda indiferença…
Nada será igual, aqui, garanto…
eu sei dourar a dor, a mágoa, o pranto,
que as pedras no caminho, atenuadas,
restauram todo bem… a luz floresce
nas noites de euforia (ou alto estresse)
“e de outras mais serenas madrugadas!”
Elvira Drummond
*A COISA MAIS DIVINA*
"Nada há que me domine e que me vença",
se a luz do bem me envolve e me ilumina,
deixando-me gravado na retina
do coração, o amor, o qual me incensa
no abraço em que anoiteço... e na querença
de partilhar o sonho que fascina,
de amar e amar... a coisa mais divina...
Entrego-me ao deleite e à recompensa!
Na noite, a mágica febril do amor
desnuda-se ao calor do cobertor
vernal, das túnicas enluaradas.
Contemplo os bons domínios das paixões,
dos arrebóis imersos de emoções
"e de outras mais serenas madrugadas"!
Aila Brito
*CÓSMICA VISÃO*
"Nada há que me domine e que me vença"
No nobre intento de ajudar o mundo,
Pois meu propósito, arraigado e fundo,
Opõe-se aos néscios com firmeza intensa.
Deseducado, o ser humano pensa
Que a Terra lhe pertence e que, fecundo,
Pode exauri-la, posto que oriundo
Da metafísica: essa débil crença.
À Natureza devo a própria vida...
Gaia é, portanto, minha aquiescida
Inspiração em noites fatigadas.
Destaco de "Espinoza" a concepção,
Em versos, no pendor da criação,
"E de outras mais serenas madrugadas".
José Rodrigues Filho
*EU*
"Nada há que me domine e que me vença",
Que me enclausure num caixote preto,
Que me proíba de fazer soneto
Ou que me faça sucumbir à crença
De ser um mal a perfeição pretensa,
Muito maior que o fútil e obsoleto...
Portanto, nestes versos eu prometo
Não desistir da evolução intensa.
Eu sou o autor do próprio desempenho,
Eu organizo as letras, vou e venho,
Feito um soldado da arte nas estradas...
Produzo, no leitor, o sentimento,
Tirando, de uma noite, o próprio alento
"E de outras mais serenas madrugadas."
Ricardo Camacho