Lembrança
A má lembrança sempre traz repulsa,
Ainda que, um dia, leda tenha sido.
Preenche-me meu choro, reprimido,
Na lágrima fugaz que o corpo expulsa.
E nisso, o sangue ferve dentro e pulsa;
Jurou-se ter já disso se esquecido.
E disse, na mentira, não ter crido
No amor, a fé mais forte e mais convulsa.
A sombra destes passos não tem rima,
E mesmo que versando ela se exprima,
Algum momento chega, hora descansa.
Pra quem sofre de amor não tem ventura,
Ai, pr'estes só convém a terra dura,
O sonho de também ser só lembrança!