O andrógino
Se fores cuidadosa, ali poderás ver,
Helena querida, algo bem peculiar:
É ali que dorme, sem que o venham perturbar,
Aquele que não é nem homem, nem mulher.
Alheio ao Todo que o cerca, este ser
Escolheu deste mesmo Todo se exilar,
Preferindo apenas em sonhos vislumbrar
Os objetos secretos que almeja e quer.
E almeja e quer carícias de uma amiga mão?
Não serei eu, ou você, que o consolaremos.
Ouve em seu sono um chamado? Uma canção?
Não serei eu, ou você, que a entoaremos.
Qual a chama a consumir-lhe o coração?
Não serei eu, ou você, que a saciaremos!