Inveja
Que inveja me acomete quando penso
Na ventura daquilo que não sente:
Daquilo que é livre e não é gente,
Daquilo que é leve e não é denso...
Quanta fúria me atinge ser propenso
Dos abismos que existem nessa mente;
De angustiado ser, assim, dolente,
E ser complexo, são... De ser intenso...
Ser pedra, barro, poste, pá, tijolo...
De tanta coisa, fui nascer um tolo,
Demais sensível pra viver no mundo...
Feliz dos que não tem a faculdade,
Dos que não tem pureza, nem maldade,
Do que não sente dor, nem é profundo!...