O fracassado
Deste modo foi, é – e sempre o será:
Qual um joão-bobo, um joguete de criança,
Pendo de um lado a outro numa dança
De ébrio, nas próprias pernas a tropeçar.
Pode até ser que ouça tua voz, que me dirá:
“Não falte na fé! Mantenha tua esperança!”
Mas bamboleio cá e lá sem ver mudança –
Seja num extremo ou outro, nada há.
Nada! Este mesmo nada que de mim caçoa,
Impelindo-me a cada hora a um lado
À procura de um refúgio, sempre à toa;
A norte, sul, leste, oeste, enviesado
Vem saudar-me o maldito: “Sempre à toa
Foges daquilo que és – um fracassado!”