Aquarela

Veja, o céu se desfez em aquarela

E os sonhos se desfazem na rotina,

Não proclamo o amor como minha sina

Pois qualquer ação, hoje, me congela.

Fujo da lembrança que tenho dela

Pois tudo que há nela me assassina

Nem mais o seu segredo me fascina,

O beijo não mais cura, mas sequela.

Neste cômodo obscuro do meu peito

Vibra a gótica luz daquela vela

Que tenta acender a paz esquecida,

Mas meu ser jaz inerte em duro leito.

Veja, o céu se desfez em aquarela

E pintou de azul toda minha vida.

Vinicius Marques
Enviado por Vinicius Marques em 26/02/2023
Código do texto: T7728188
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