Aquarela
Veja, o céu se desfez em aquarela
E os sonhos se desfazem na rotina,
Não proclamo o amor como minha sina
Pois qualquer ação, hoje, me congela.
Fujo da lembrança que tenho dela
Pois tudo que há nela me assassina
Nem mais o seu segredo me fascina,
O beijo não mais cura, mas sequela.
Neste cômodo obscuro do meu peito
Vibra a gótica luz daquela vela
Que tenta acender a paz esquecida,
Mas meu ser jaz inerte em duro leito.
Veja, o céu se desfez em aquarela
E pintou de azul toda minha vida.