O hipocondríaco
Sim, minha Helena: estou irremediavelmente
Adoecido – trago as costas tão pesadas!
Minhas pernas – vês? – bambeiam, arqueadas
Sob o peso a dobrá-las constantemente.
A tísica rói-me os brônquios, gulosamente;
Tusso – regurgito sangue às golfadas –
Suspeito até que, escondida, às gargalhadas,
Germina a negra flor de um câncer, lentamente.
Mal como, e mal durmo; excreto pelo – cura!?
Helena, querida! Não digas, por favor,
Tal disparate! Ora…! Curar-me… É loucura!
Eu nada mais tenho além da minha dor;
Um dentro do outro tem sua essência mais pura.
Curado, que resta de mim, meu amor!?