Pingos de Chuva
Mauro Pereira
Cada pingo que desaba é uma graça.
É uma chuva enviada do além.
Fina ou grossa, uma hora ela passa,
Pra mais grossa ou pra mais fina e vem pro bem.
Mata a sede de uma terra esturricada.
Faz brotar da Terra Mãe o grão da vida,
Que alimenta a humanidade esfaimada
ou arrasta o que lhe impeça a descida.
Faz de um manso e incipiente rego d'água,
U'a potente e caudalosa correnteza,
Que correndo rumo a um rio ali desagua,
toda a carga de sujeira que juntou.
Só não faz limpar meu rosto, da tristeza,
Que a falta de você, meu bem, deixou.
Brasília, 19/02/2023
(À memória de Irá)