Fusco d'alma

Em mansa tarde dum vermelho raro,

Na areia assisto o sol descer morrente;

De pouco, vai juncando a leda gente

Então recolho a minha Dor, mascaro...

Ninguém verá no meu semblante claro

O fusco d'alma, pois a face mente;

Ninguém terá de minha vista ausente

Sequer a luz febril que me deparo...

Tentando disfarçar a distimia,

Não vi que no contorno já nascia

Um tom arroxeado e mor nefasto...

Na praia dantes toda iluminada,

Sobrou-me a escuridão total do nada,

E nela sou completo e não contrasto...

Daniel Guilherme de Freitas
Enviado por Daniel Guilherme de Freitas em 15/02/2023
Código do texto: T7720111
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