Sonhando
Hoje que o céu desaba e geme tanto,
E a chuva verte fria como a Morte;
Hoje que a Dor recai, pesada e forte,
Hoje me acolhe - a natureza - o pranto...
Hoje por pouco eu quase não levanto;
O flébil coração, cruento: um corte;
Hoje pergunto-me se há quem se importe,
Hoje não creio haver ninguém, portanto,
Eu nada digo, nada penso ou creio;
Hoje só trago cá, perto do seio,
A lágrima fanada e tão perdida!...
Hoje, confuso, penso estar sonhando;
É tudo sonho, Deus! Me acordo quando?
Mas que desastre eu fiz de minha vida!