Memento mori
(A Beatriz Uchôa)
É triste, meu amor…! Triste – mas natural:
Estes frutos e flores a nos deleitar
E que Vesna nos deu haverão de murchar
Quando escorraçá-la o frio Bóreas invernal.
E conosco também é assim… Afinal,
Cá estamos nós, jovens, frescos, a nos amar:
Igualmente nosso calor há de esfriar
Ante de Tânato o hálito sepulcral.
Tudo, meu bem, nasce apenas para morrer,
E também a nós dois, à hora da partida,
Hão de chorar-nos – mas, depois, nos esquecer.
O Amor, porém (disseram-me), transcende a vida –
Morrendo fundidos num único ser,
Espera-nos a Eternidade, ó querida!