SONETO ILUDIDO
Ah, ilusões da vontade, ideais utópicos!
Miragens nos Saaras do intelecto!
Que sortilégio as trouxe aos tristes trópicos
Do brio perdido e espírito abortado?
Que maldição nutriu esse olho infecto
Que a tudo mal medindo absorve errado?
O orgulho da ignorância sublimada
É paralaxe em perspectiva torta,
Postigos miópicos em toda porta
E promessa de queda em cada escada.
Das boas intenções a longa estrada
Redunda em beco que já não comporta
Os rumos dos perdidos nem conforta
A turba às ilusões acostumada.
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