PESADELO

Nunca havia navegado em mar tão revolto,

enfrentado tempestades e tantos açoites,

ando atônito na vida, feito o vento solto,

pesadelos invadem minhas tristes noites!

Olho minha mão ferida, trêmula a sangrar,

em esforço último desse barco controlar...

Feito marinheiro que não conhece o mar,

navego sem rumo, prestes a naufragar!

Não há farol, indicando a mim a direção,

nem mesmo cais tenho na minha visão...

Sem porto seguro nenhum para atracar!

E âncora, não a tenho mais para alçar...

Peço agora alívio ao meu pobre coração,

e espero a morte, em lágrimas e emoção.

Poeta Camilo Martins