Soneto do choro perdido
Choro as lágrimas de um choro perdido,
Sequelas de um romance recolhido
No fundo de um baú de relembranças,
Um baú sem as alças da esperança.
Quem me dera ter de novo ao meu lado
A moça que eu estava acostumado
A ver em sonho de vestido branco
A me dizer um sim alegre e franco.
Porém não quis assim nosso destino;
Cruel, arranjou a separação
E acabou com o sonho cristalino.
Sua partida brusca e compulsória,
Sem recurso, sequer apelação,
Abreviou o fim da nossa história.
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N. do A. – Na ilustração, A Noiva de Almeida Júnior (São Paulo, 1850-1899).