“Se a cólera que espuma, a dor que mora”
dentro de mim pudesse ser sentida
por outros, sei que mais nenhuma aurora
exibiria a alvura tão querida.
Seria escuridão que só piora,
abrindo em cada ser a atroz ferida,
que sempre desvirtua o meu agora,
que traz à tona a lágrima sentida...
Não tenho império, não possuo amor,
não mostro o riso, só cultuo a dor,
prossigo nesta estrada viciosa...
Faz muito tempo que fechei a porta
e choro sim, nenhuma vez me importa
“em parecer aos outros venturosa!"
Janete Sales Dany
Atividade FÓRUM DO SONETO
TRILHA DE SONETOS XCII -
"MAL SECRETO", DE RAIMUNDO CORREIA
Regra: compor Sonetos transcrevendo
no verso 1 e no verso 14 os versos
de RAIMUNDO CORREIA,
referentes ao SONETO
parnasiano "MAL SECRETO",
sendo livres o ritmo,
o esquema rimico
e o desenvolvimento do mote.
Raimundo Correia
Mal Secreto
Se a cólera que espuma, a dor que mora
N’alma, e destrói cada ilusão que nasce,
Tudo o que punge, tudo o que devora
O coração, no rosto se estampasse;
Se se pudesse, o espírito que chora,
Ver através da máscara da face,
Quanta gente, talvez, que inveja agora
Nos causa, então piedade nos causasse!
Quanta gente que ri, talvez, consigo
Guarda um atroz, recôndito inimigo
Como invisível chaga cancerosa!
Quanta gente que ri, talvez existe,
Cuja aventura única consiste
Em parecer aos outros venturosa!