DESPEDIDA . . .

Eras, outrora, o meu doce alívio da alma,

Trazias a mim o inefável alento e a calma...

Nunca imaginei que isso pudesse acontecer,

Um amor tão profundo fosse assim morrer!

Nas minhas solitárias noites, no exílio frio,

Pensava em ti loucamente com tanta emoção,

Que as gotas de lágrimas tornavam-se em rio,

Tamanho era a ti, minha alucinada dedicação!

Queria pra ti grandiosidade, abertura ao mundo,

Perpetuidade desse meu grande amor, profundo...

Na eterna paz de quem só quer o bem, a perfeição!

Descansaria no berço esplêndido, em pura gratidão!

Guardaria no meu peito pra sempre tuas memórias,

Contaria na eternidade, Agricolândia, tuas histórias.

Mas partirei, a amar na minha vida outros rincões...

Não és mais a musa imaculada dos meus encantos,

Posto que ódio e desamores é o que hoje tu impões!

Sempre conheci esse teu lado, via por todos os cantos,

Não consegui evitar esse vício pelo poder, desgraçado!

E o massacre ao ignorante povo de sorriso disfarçado!

E pensar que eras sempre tudo na minha vida, lástima!

Esquecia de mim mesmo, pra lembrar de ti, fantasias...

Na minha mente não havia outra cidade igual, cástida!

Mas sabia que no fundo, nem assim mesmo me amarias.

Hoje, com seu povo infeliz, que sorrir da própria miséria...

Afasto-me de ti, para buscar outros mares, novos oceanos,

Mergulhar em vidas que não fazem da minha uma pilhéria!

Agricolândia, a partir de agora, está fora dos meus planos.

Poeta Camilo Martins

Aqui, hoje 31.12.2022

16h48min [Tarde]

Estilo: Duplo Soneto