Insônia em Soneto

Com a noite há de haver o silêncio,

vindo com o seu vagaroso veneno,

vindo com a harmoniosa amargura.

Há vontade oculta em falas mudas,

há uma chama calada se apagando.

Com os versos que rogo ao Deus dos sonhos

há de haver piedade de quem vos clama?

Senhor meu, conceda-me por um momento

que ao deitar-me eu deixe de pé meu drama

e com ele todo meu ressentimento:

o aliado mortal de tal insônia.

Senhor, conceda-me em um só momento!

Senhor, expulse de mim todo o tormento

de sonhar acordado com quem nao me ama.