Estio
És mais que um breve dia ao fim do estio,
cheio de luz e sombras e folguedos.
Findo o verão, assopra o vento frio,
e em ti os risos são eternos, quedos.
Não trazes, tu, o gelo dos segredos,
e nem das amarguras tênue fio,
mas tuas horas tecem sonhos ledos
além do tempo frágil, fugidio.
O estio vive em ti e no teu rosto
rebrilha a flava renda das manhãs,
e o débil tom lilás do sol deposto.
Além dos fins, o inverno não te alcança.
Na turva rispidez das horas vãs
a noite, em ti, tem alma de esperança...
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