PERFÍDIA

 

“Se a cólera que espuma, a dor que mora”
No peito teu, que sangra sem sangrar,
Igual no céu purpúrea e bela aurora
No dia que, ao nascer, saúda o mar;

 

Se a força dessa raiva que te espora
Saísse mundo afora a derramar
Em tudo as tantas pragas de Pandora,
Nublando até as noites de luar;

 

Quiçá morresse a angústia desmedida
Que habita desde sempre a tua vida,
A mágoa que teu ser irado esposa.

 

Somente eu sei que teu viver é triste
e todo esforço feito em si consiste
“Em parecer aos outros venturosa!”

 

Edir Pina de Barros

 

Escrito para o Fórum do Soneto.

Soneto transcrevendo no verso 1 e no verso 14 os versos de RAIMUNDO CORREIA, referentes ao SONETO parnasiano "MAL SECRETO", sendo livres o ritmo, o esquema rimico e o desenvolvimento do mote.

Edir Pina de Barros (Flor do Cerrado)
Enviado por Edir Pina de Barros (Flor do Cerrado) em 21/01/2023
Código do texto: T7701010
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