Saturnino

Eu creio já sentir, minh'alma antiga

O peso indescritível dos Milênios...

Nas pálpebras cansadas, a fatiga

No âmago, a tristeza de mil gênios...

Eu sinto sempre, sempre em demasia

O tédio como um lume que me assola,

Saturno a conduzir-me como um guia,

Da bílis, o fluído féleo, a imola...

Moroso feito um dia nebulento

Que cobre qual escuma o firmamento,

Afeta-me a plumbosa hipocondria...

No fardo de arrastar essa ossatura

Tropeço nessas sendas da descura,

Na sorte da influência planetária...

07 de janeiro de 2023

Daniel Guilherme de Freitas
Enviado por Daniel Guilherme de Freitas em 10/01/2023
Código do texto: T7691237
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