Sabor
No jardim do teu corpo de níveas flores,
meu olhar indecente te despe, impaciente
sorrir-me com carinho e prazer complacente
à ganância com que desperto as tuas cores.
Esbarro-te a pele e protejo-te os tremores
de ansiedade desvairada, e irreverente,
a minha mão cálida em teu corpo sente
resvalar intermináveis correntes de suores.
Vibram-me os intensos e devassos anseios,
que à primavera dos lábios te escuto suspirar,
um aroma que desperta lúbricos devaneios.
Adentra-me o olfato, afeiçoado a me chamar,
importuno-te os pés, o sexo, no ventre freio,
consumo o teu sabor ardente a vista do mar.