Atrás da porta
Seu peito, atrás da porta, ofegante...
Gania, afinado com o meu,
Como se Julieta e Romeu,
Fôssemos tu e eu por um instante.
Quando se fecha a porta da amante,
Os olhos dão lugar ao coração,
E olham para a mesma direção:
Um ponto, no espaço, equidistante.
É que o adeus não sabe dizer não!
E mesmo que soubesse, não diria,
Só para não dizer adeus em vão,
Ou pra não estancar a poesia
Que vem, logo depois da solidão,
Quando a paixão virou fotografia.