Meus oito anos

“Oh, que saudades que tenho

Da aurora da minha vida,

Da minha infância querida

Que os anos não trazem mais!

Que amor, que sonhos, que flores

Naquelas tardes fagueiras,

À sombra das bananeiras,

Debaixo dos laranjais!”

(CASIMIRO DE ABREU)

Às vezes penso, à maneira do bom Abreu,

Nos verdes anos de minha infância querida,

Na luz da rósea aurora de minha vida

Que há muito no horizonte escureceu –

E vem-me à mente a criança que então fui eu,

Inocente ainda – pura – não corrompida…

Num negro canto de minha alma perdida

Agora dorme; só e esquecida morreu.

Saudosos anos que não voltarão jamais!

…E penso cá, como o bom Abreu pensaria,

Em minhas bananeiras, em meus laranjais –

E penso…! O quão suave era, todo dia,

Viver sem discutir com tantos boçais,

Cansando o cérebro escrevendo poesia!

Galaktion Eshmakishvili
Enviado por Galaktion Eshmakishvili em 07/01/2023
Código do texto: T7689150
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