Meus oito anos
“Oh, que saudades que tenho
Da aurora da minha vida,
Da minha infância querida
Que os anos não trazem mais!
Que amor, que sonhos, que flores
Naquelas tardes fagueiras,
À sombra das bananeiras,
Debaixo dos laranjais!”
(CASIMIRO DE ABREU)
Às vezes penso, à maneira do bom Abreu,
Nos verdes anos de minha infância querida,
Na luz da rósea aurora de minha vida
Que há muito no horizonte escureceu –
E vem-me à mente a criança que então fui eu,
Inocente ainda – pura – não corrompida…
Num negro canto de minha alma perdida
Agora dorme; só e esquecida morreu.
Saudosos anos que não voltarão jamais!
…E penso cá, como o bom Abreu pensaria,
Em minhas bananeiras, em meus laranjais –
E penso…! O quão suave era, todo dia,
Viver sem discutir com tantos boçais,
Cansando o cérebro escrevendo poesia!