A VAIDADE
De bisturi em bisturi a cirurgia
Vai construindo uma beleza aparente.
Pode fazer um chimpanzé parecer gente,
E, numa careta, rir sem ter alegria.
Só por vaidade, o que se vê todo dia,
A madame que posa escancarando os dentes,
Enquanto deslumbra a todos os presentes,
Com a juventude que antes não se via.
A vaidade não tem medida ou limite,
Tudo vale contanto que se conquiste
Um dia a mais deste frescor de fantasia.
Não importa que, à noite, o espelho desminta
A ilusão que lhe deu a camada de tinta,
Que suas centenas de rugas encobria.