CARÊNCIAS

 

 

O profeta santo ama o seu deus de barro,

E o moralista rígido o seu próprio código;

O fumante adicto morre pelo seu cigarro,

E uma mãe zelosa pelo seu filho pródigo.

 

O ambientalista grita contra o ar malsão,

E o botânico chora pela maltratada flora.

O padre lamenta pelo desperdiçado pão,

Que o paroquiano rico está jogando fora.

 

Um docente reclama se não tem discente,

E o apressado estressa ao não ver atalho,

Quem veio chora por quem está ausente.

 

O jardineiro adoece quando morre a flor,

O operário sofre se não lhe dão trabalho,

E um coração para quando lhe falta amor.