Escatologia pudica

 

O cocô do poeta é inodoro,

Como a fez de um belo passarinho

Que borrifa, as pedras do caminho,

Com extremo cuidado e com decoro.

 

O cocô do poeta é um tesouro

Escondido no chão da poesia,

Como fosse um saber que não sabia

Que o sábio morreu num matadouro.

 

O cocô do poeta, quem diria,

Tem a cor e forma de quem cria

A mais monumental obra de arte:

 

Um rolinho roliço e displicente

Que transita, do cólon para a mente,

Servindo obras-primas a la carte.

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O ESPAÇO DA ARTE

Jota Garcia

 

Não vejo motivo para estranheza,

Tudo aquilo que da vida faz parte,

É espaço que pertence à arte:

Cara, coroa, feiura e beleza.

 

É inerente a sua natureza

Não há tema que o poeta descarte,

Liberdade é sempre seu estandarte,

Revelar de tudo sua crueza.

 

O que, por pudor, todo mundo esconde,

Seja um Rei, um Barão, um Visconde,

Ou mesmo um plebeu desconhecido,

 

Sua pena vai lá e mostra tudo,

Na real: forma, cor e conteúdo.

Deixa tudo às claras, nada escondido.

Herculano Alencar
Enviado por Herculano Alencar em 06/01/2023
Reeditado em 09/01/2023
Código do texto: T7688473
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