NUM CIGARRO (Soneto)

Dia após dia queimo num cigarro

Essa imagem que tento dissipar

De um amor fugidio que não agarro

E que mora não sei em que lugar

E queimo ainda essa voz que teima

Em reclamar furtiva esse amor

Num crepitar constante que me queima

Braseiro manso mas devastador

Dia a dia queimar mais eu desejo

Essa imagem longínqua e desfocada

Dum amor que imagino mas não vejo

E em cada minha triste madrugada

Cada cigarro rubro é como um beijo

Dessa imagem por mim imaginada

(In “Despida de Segredos”)

Carmo Vasconcelos
Enviado por Carmo Vasconcelos em 27/11/2005
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