NUM CIGARRO (Soneto)
Dia após dia queimo num cigarro
Essa imagem que tento dissipar
De um amor fugidio que não agarro
E que mora não sei em que lugar
E queimo ainda essa voz que teima
Em reclamar furtiva esse amor
Num crepitar constante que me queima
Braseiro manso mas devastador
Dia a dia queimar mais eu desejo
Essa imagem longínqua e desfocada
Dum amor que imagino mas não vejo
E em cada minha triste madrugada
Cada cigarro rubro é como um beijo
Dessa imagem por mim imaginada
(In “Despida de Segredos”)