*CREPÚSCULO*

 

"Trompas do sol, borés do mar, tubas da mata"

Silenciai perante o pôr de sol sangrento,

Ouvi os sabiás, anus, também o vento

Que enverga os capinzais, que tange e que chibata.

 

O belo, em si, se expõe e em tudo se retrata,

De forma tão sutil - instante breve e bento -

Que versejá-lo, enfim, sequer concebo ou tento,

Diante do esplendor da formosura inata.

 

O tom crepuscular em tudo se derrama,

A refazer, do encanto, a delicada trama

Que traz a luz e a paz ao coração que neva.

 

Silenciai, enfim, para escutar a prece

Que tais purpúreos tons em tudo urde e tece

"Entre o pudor da tarde e a tentação da treva".

 

Edir Pina de Barros

 

Escrito para a trilha de sonetos LXXXIX do Fórum do Soneto. Primeiro e último versos de Olavo Bilac, Sonata do Crepúsculo.

Edir Pina de Barros (Flor do Cerrado)
Enviado por Edir Pina de Barros (Flor do Cerrado) em 05/01/2023
Reeditado em 16/01/2023
Código do texto: T7687161
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