Minha musa
Foi uma péssima escolha, ao fim do dia –
Um erro crasso, um faux pas imperdoável;
No entanto, completamente desculpável
Pois é linda (isto, quem o negaria?).
É tão linda – sim… Mas como me entedia!
Nada que lhe sai da boca é aproveitável,
E não tem nenhum atributo notável
Fora os que inventei em minha poesia.
Era apenas uma mulher, afinal,
Uma mera mulher de quem tentei vãmente
Fazer uma ninfa, um ser celestial –
Mas… que me resta? Sigo, descaradamente,
A mentir a mim mesmo – por bem ou por mal,
Pagam-me vós, leitores, tão amavelmente…!