TRILHA DE SONETOS XC - "A DUAS FLORES", DE CASTRO ALVES
*ELÍSIO*
"São duas flores unidas",
Simbolizando esperança,
Enquanto a relva descansa
Com franjas verdes, tremidas,
Que a brisa leve balança,
Lembrando muitas das vidas,
Das tristes às divertidas,
Nessa dinâmica dança.
A florescente beleza
Está na eterna certeza
Que a natureza assevera
Com seu amor e alegria,
Ao produzir poesia
"Numa eterna primavera"!
Ricardo Camacho
*OUTONO*
“São duas flores unidas”
chorando o outono sem fim,
entre as plantas ressequidas
que sentem pena de mim...
já foram tantas partidas
tantos desgostos que enfim
pranteiam sobre as feridas...
meus olhos são sempre assim.
Acostumado, o meu peito,
Já sabe que não tem jeito...
Nunca passou de quimera!
Onde eu respirava olores
você sequer via flores
“Numa eterna primavera".
Edy Soares
*DUAS FLORES*
“São duas flores unidas”,
viçosas, rubras e belas,
redecorando as janelas
do breve curso das vidas.
São duas flores singelas
em doce seiva nutridas:
o amor que cura as feridas,
a paz que amansa as mazelas.
Vi, junto às flores, um plano
risonho, impávido e lhano,
colhê-lo, cedo, quisera...
E renascer nos jardins
de flores tenras, carmins,
“numa eterna primavera”!
Geisa Alves
*ESQUECENDO AS MÁGOAS*
"São duas flores unidas",
vivendo em doce harmonia,
reflorescendo a alegria,
curando antigas feridas.
Nas duas flores havia
tensões e mágoas retidas,
mas pelo amor eximidas,
gozam de plena euforia.
E, feito as águas dos rios,
contornam os desafios
que a vida, enfim, lhes trouxera...
Sem perdedor ou culpado,
vivem na paz do Eldorado,
"Numa eterna primavera".
Aila Brito
*ETERNA PRIMAVERA*
"São duas flores unidas",
feito as mãos em oração,
clamando aos céus pelo pão
que assegura nossas vidas.
São feito o aluno e a lição
que, das instruções sorvidas
e quando bem exercidas,
os bons frutos colherão.
E, dessas flores olentes,
quisera tê-las sementes
unidas assim... quem dera...
eclodindo em belas cores,
feito o germinar das flores,
"Numa eterna primavera"!
Aila Brito
*A DOÇURA DOS MIGUÊS…*
“São duas flores unidas”
a cativar quem as vê…
vicejam — quase exibidas —
compondo um belo buquê!
Na França, são preferidas,
cumprindo um tal metiê,
em que pessoas queridas
ganham ramos de miguê!
Simulam sinos pequenos,
em tons discretos, amenos,
em que esse amor reverbera…
A benquerença lateja,
a cada instante em que os veja,
“numa eterna primavera”
Elvira Drummond
*O NOIVADO*
"São duas flores unidas"
No compromisso selado
De dividirem as vidas
Caminhando lado a lado.
Duas taças são erguidas
Em um brinde ao passo dado
E alianças recebidas
Nesse dia abençoado.
O noivado faz crescer,
Na paciência da espera
Da união acontecer,
Esse amor que reverbera
Na intenção de se viver
"Numa eterna primavera"!
Luciano Dídimo
*MITOSE*
"São duas flores unidas",
Siamesas de nascença,
Ambas, muito coloridas,
Vivem simbiose intensa.
No mesmo ramo nascidas,
Cumprindo a mesma sentença,
Inda assim, muito queridas,
Admiram a diferença.
Matéria-prima do mel,
Neste imenso carrossel,
Ditosa junção prospera...
Seja em qualquer estação
As flores sempre estarão
"Numa eterna primavera".
José Rodrigues Filho.
*DUAS FLORES*
“São duas flores unidas”
Nascidas do mesmo encanto,
Que nestes versos eu canto,
Por perfumar nossas vidas.
Garbosas, rubras, garridas,
Que aprecio tanto, tanto,
E ao vê-las depois me espanto,
Tão frágeis e esvanecidas.
Dois poemas não escritos,
A cumprir solenes ritos
Do viver, como se espera.
Renascerão na lembrança,
Nos sonhos que o tempo lança,
"Numa eterna primavera".
Edir Pina de Barros
*FLORES SECAS*
"São duas flores unidas"
neste poema tristonho,
secas lembranças de um sonho,
vestígios de despedidas...
Lembro... Colhi margaridas,
trazia o rosto risonho,
mas hoje, a tez, descomponho
ao vê-las tão ressequidas.
As pétalas que guardei
decerto ainda verei
nos longos dias de espera,
pois viverei por um tempo
de amar-te sem contratempo,
"numa eterna primavera"!
Geisa Alves
*MIRAGEM*
“São duas flores unidas”,
minha alegria de outrora…
Hoje, lembranças puídas
que a saudade rememora.
São duas flores tingidas
com as lágrimas de agora…
as cores esmaecidas
nem meu pranto as revigora.
Quando o tempo a flor esgarça,
o meu desejo disfarça
e emana luz à quimera…
Ao mimo, as flores reagem
e afloram dessa miragem,
“numa eterna primavera”!…
Elvira Drummond
*ROSAS*
"São duas flores unidas",
fragrantes, meigas e belas,
colorindo em aquarelas
o frescor de suas vidas.
São duas rosas nascidas,
edêneas, gráceis, singelas,
floreando as passarelas...
Do jardim as mais queridas!
Tal qual as flores ditosas,
fosse a vida um mar de rosas;
quem dera, ó Senhor, quem dera!...
E o mundo, em férteis quintais,
ser campos verdes, florais,
"Numa eterna primavera"!
Aila Brito
*O RENASCER DA PRIMAVERA*
"São duas flores unidas",
que jazem no vaso agora,
que imitam a triste aurora
que marcou as nossas vidas.
Tantas lágrimas vertidas...
e a saudade só piora,
insiste em não ir embora,
acrescenta mais feridas!
Quem dera te ver um dia,
e serenar a agonia,
alterar o que me espera!
Quem dera dormir contigo,
transformar o nosso abrigo
“numa eterna primavera”!
Janete Sales Dany
*VIRIDÁRIO*
"São duas flores unidas",
Alegres num vasto colo
De um belo campo e volvidas
Na brisa, em danças no solo.
Ó cores vivas, sortidas,
Que lembram roupas de Apolo,
Adornam plagas providas
De encantos em cada polo.
O encantado viridário
Sob o zênite estelário,
Dorme enquanto a noite impera,
Num silente santuário
Feito o aberto relicário
"Numa eterna primavera"!
Ricardo Camacho
*FLORES GEMINADAS*
"São duas flores unidas "
À natureza, inerentes,
Com estames pubescentes
Disseminando outras vidas.
Duas flores conhecidas
As quais, sempre, estão presentes
Nos jardins ou ambientes
Em que possam ser colhidas.
Desse modo, escolho a rosa
Por ser a flor mais formosa
Que no meu vergel impera,
Além de lírio e jasmim...
Meu coração vive enfim
"Numa eterna primavera".
José Rodrigues Filho
*JARDIM*
"São duas flores unidas",
Simbolizando os amantes,
Com sentimentos gigantes
Que adornam todas as vidas
Naturalmente aquecidas,
Com emoções palpitantes,
Ao celebrar as reinantes
Experiências sentidas.
Os casais de namorados,
Reproduzem o jardim
E a esperança que prospera,
Sob os astros lumiados
Desde o início e, sem ter fim,
"Numa eterna primavera"!
Ricardo Camacho
*LEMBRANÇAS*
"São duas flores unidas"
Que relembram meu passado,
Quando estive apaixonado
Por duas musas floridas.
As duas, muito ofendidas
Por meu empenho açodado,
Não ouviram meu chamado
Para entrar em suas vidas.
Agora vejo essas flores,
Esmaecidas, sem cores,
Mas a paixão não se altera...
Embora já desbotadas
Estão no peito arraigadas
"Numa eterna primavera".
José Rodrigues Filho
*A MÃO*
"São duas flores unidas"
No mundanário de lutas,
De variadas labutas,
Mas de belezas sortidas.
As cores vivas, vertidas,
Estão nas flores, nas frutas
E encantam as visões brutas,
Por emoções desmedidas.
A bucólica beleza
Espelhada em toda esfera
Cala as vozes da tristeza
Com a mão que sempre opera
Pela lei da natureza,
"Numa eterna primavera"!
Ricardo Camacho
*DISPARIDADES*
“São duas flores unidas”,
assim nasceram, num canto…
mas diferentes feridas
as motivaram o pranto.
As mesmas dores vividas,
mas encaradas, no entanto,
com tons diversos nas lidas,
num mistério sacrossanto.
As mesmas luas por sina…
mas cada luz que as ensina
brilha em diferente esfera.
Unidas na discrepância,
o amor transforma tal ânsia
“numa eterna primavera”.
Elvira Drummond
*RENASCIMENTO*
"São duas flores unidas"
num profundo sentimento:
seja, o tempo, lesto ou lento
trará, decerto, as partidas.
As horas serão vencidas,
sejam de paz ou tormento,
e ao fim, num instante bento,
serão novas as medidas.
De repente... de repente
tudo haverá simplesmente
como dantes nunca houvera.
As flores com canto novo
granjearão um renovo
"numa eterna primavera!"
Geisa Alves
*RESILIENTES NO AMOR*
"São duas flores unidas"
pelas bênçãos do Divino
percorrendo um só destino...
Pelo amor são envolvidas.
São almas gêmeas nutridas
de doçura, aqui defino:
com encanto campesino
e em ternuras aquecidas.
E embora um dia finito
que seja por Deus prescrito
qual o ardor que o tempo impera,
feito o amor que transcendeu
de Julieta e Romeu,
"numa eterna primavera".
Aila Brito
*FLORES DE AVENTUREIRO*
"São duas flores unidas"
Nas mãos de Castro, o poeta,
Cumprindo a lírica meta
De Condoreiro das Vidas,
Com poesia repleta
De arroubos das paixões idas,
Cicatrizando as feridas
Na inspiração inquieta.
Por espumas flutuantes,
Vai nas ondas deslumbrantes,
Pelos ventos da quimera,
Revelando ao mundo inteiro
As flores de aventureiro,
"Numa eterna primavera".
Ricardo Camacho
*NO CORAÇÃO DA QUIMERA*
"São duas flores unidas",
vindas da mesma placenta
que servem de vestimenta
para as lapelas queridas,
tal qual num toque de Midas,
que a silhueta cinzenta,
na mão de Deus, se afugenta,
por linhas mui coloridas...
no firmamento dourado,
daquele reino encantado
do coração da Quimera...
no peito da poesia,
ao procurar moradia,
"numa eterna primavera".
Adilson Costa
*NOS JARDINS DA REALEZA*
"São duas flores unidas”
pelo amor universal,
onde o bem combate o mal,
cicatrizando as feridas.
São as seivas das jazidas,
de uma essência divinal,
inundando o matagal
dos sonhos das nossas vidas.
E do trono lá de cima
pinga orvalho na obra-prima,
quando a Divindade impera
nos jardins da Realeza,
renovando a natureza
“numa eterna primavera”.
Adilson Costa
*EMOÇÕES REPRIMIDAS*
“São duas flores unidas”
e dois aromas distintos
que fazem de labirintos
nectáreas sendas seguidas.
Tantas delícias hauridas
inflamam nossos instintos
e desfrutamos, famintos,
das emoções reprimidas.
Nesta cama ajardinada,
a volúpia, desvairada,
novamente vocifera.
Paixão e amor enlaçados
arrebatam namorados,
“numa eterna primavera”.
Jerson Brito
*NA MAIS VERDEJANTE IDADE*
“São duas flores unidas”
despetalando a saudade
dos tempos da mocidade
nos calendários das vidas...
São gerações destemidas,
em busca da liberdade,
na mais verdejante idade
das paixões tão desmedidas.
Hoje sentado na praça,
assisto ao tempo que passa
nas transformações que opera,
mudando todo o semblante
de quando habitava o infante
“numa eterna primavera.”
Adilson Costa
*PRIMAVERIL*
"São duas flores unidas",
Simbolizando a amizade
Ou, mesmo, o amor de verdade,
Num relicário de vidas,
De cores bem definidas,
Com parcial liberdade,
Pois presas na intimidade
Do solo e ali consumidas.
Sob à luz e sob o orvalho
Reproduzem o agasalho
Colorindo a própria esfera,
Com o verdejante galho,
Revelando o seu trabalho
"Numa eterna primavera".
Ricardo Camacho