Pássaros
Exala a haste u’a turva destilação,
Feito cera conglutinada, pegajosa,
Do arcaico cajueiro que, ao chão,
Transborda sua sombra frondosa.
Seus pomos, os cajus, retidos na mão;
Açucarados, de tom vermelho-rosa,
Delicados, de natureza perfumosa,
Tem fisionomia de um terno coração.
Ainda na madrugada deste quintal,
Ao ver o astro rei nascer, tão natural,
Ascendendo pelos céus, sedutor azul.
Pego os pomos, e o canário e o pardal,
Que cantam ali, juntinhos no beiral,
Pegam um galante vôo, rumo ao sul.