TRISTES SONS

TRISTES SONS

Meus versos, tão estúpidos quanto eu,

Que os confesso ao vazio e me comovo

Com tal autopiedade enquanto trovo

Que chego a soluçar como um sandeu…!

O abismo ecoa longe o pranto meu,

Que o vento uivando faz um canto novo

Ou algaravia vã de ignoto povo,

Que n’essas cercanias já viveu.

Uns versos vãos, mas veros e sinceros.

D’um trovador de tão triste figura,

Que só tem por plateia a noite escura.

Mas coube a mim fazer o que fazia,

Ou seja, mesmo em meio a desesperos,

Dar às tristezas voz pela poesia.

Formiga - 12 03 1996