VAIDADE DAS VAIDADES

VAIDADE DAS VAIDADES

Aonde as coisas qu’eu esqueço vão

Nos desvãos da memória envelhecida?

E esses poemas, falando ou não da vida,

Quem me dirá que não foram em vão??

Como a viga que, após vencido o vão,

Sobre si via nenhuma fora erguida…?

Ou como alguma língua já perdida,

Tendo sido não será um sopro vão?

Alguém talvez encontre esse legado,

E ria das quimeras das idades;

Ou lamente a miséria do passado;

E ao recordar-me os feitos e as verdades

— Páginas d’um caderno amarelado —

Julgue isto a vaidade das vaidades…

Belo Horizonte - 15 01 1995