VAGO LUME

VAGO LUME

Às vezes, quando a vida me angustia,

Vago em círculos após o lusco-fusco

E varo a noite incerto do que busco,

Perdido todo o ideal; toda a utopia…

E escrevo sem saber quanto escrevia:

Vago lume que aos olhos não ofusco.

Versos? Mero rabisco que rebusco,

Visto ininteligível a poesia.

Eu vivo essa jornada tão confusa

N’uma ânsia de que a angústia se traduza

Em coisas que sequer consigo ler.

Sem embargo, atravesso a noite escura

Em modo de total autoprocura,

Que só me deixa exausto ao amanhecer.

Betim - 13 05 1993