A CANGA DA MALDADE

Se eu pudesse..., no decorrer da vida,

trilhar o meu caminho sem tropeço,

mas essa coisa, sei que não mereço,

pelas curvas acidentadas na ida!

Se a mim coubesse..., nessa vã subida,

em que, às vezes, ao invés de subir, desço;

e, por isso, na vida, hoje padeço,

nessa estrada tão estreita e cumprida!

A estrada, antes, tão espaçosa e larga,

hoje, a caminhada nela é amarga,

pisando espinhos com os pés descalços...

De vez em quando o peso do chicote

lambe-me às costas e, no meu cangote,

a canga da maldade no meu encalço!

Miguel de Souza
Enviado por Miguel de Souza em 20/12/2022
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