Aprendendo a ser só

A poesia, velha companheira,

Dorme, aqui comigo, em solidão,

Tal como um condenado à prisão,

Que se enamorou da carcereira.

 

E fica de segunda à sexta-feira

A esperar o sábado, o domingo...

Pra derramar, na cela, mais um pigo

Da lágrima que diz ser derradeira.

 

A solidão, meu caro, é um dilema:

Às vezes pede ao só para que gema,

Às vezes pede ao só para que ria.

 

Às vezes diz pro só ficar sozinho.

Às veses colhe pedras no caminho

E joga, ora em José, ora em Maria.

 

Herculano Alencar
Enviado por Herculano Alencar em 18/12/2022
Reeditado em 18/12/2022
Código do texto: T7674589
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