Aprendendo a ser só
A poesia, velha companheira,
Dorme, aqui comigo, em solidão,
Tal como um condenado à prisão,
Que se enamorou da carcereira.
E fica de segunda à sexta-feira
A esperar o sábado, o domingo...
Pra derramar, na cela, mais um pigo
Da lágrima que diz ser derradeira.
A solidão, meu caro, é um dilema:
Às vezes pede ao só para que gema,
Às vezes pede ao só para que ria.
Às vezes diz pro só ficar sozinho.
Às veses colhe pedras no caminho
E joga, ora em José, ora em Maria.