Lábios
Lábios, que em minhas fantasias almejo,
boca de uma perpétua e delicada chama,
doce marasmo de um brilho que inflama,
de um estimulante fervor, libido ensejo.
Lábios, que em profundos sonhos vejo:
como um alvo cálice que tardio derrama,
a infinda fascinação que se esparrama,
no ilusionismo letárgico de um só bafejo.
Lábios, que em minhas palavras eu chamo,
e em murmúrios nos sonhos sempre clamo,
passagem de ar com brandas amarguras…
Sentimentos, angústias, delirantes torturas,
já não tensiono coabitar somente o desejo:
quero cessar no veneno do teu mais fatal beijo.