METAS

META/POEMA

intropoética

A meta é a poesia, não o poema.

O poema é resultado da poesia:

O instante cujo encanto principia

Vertido no sentido e seu fonema.

O poema é onde a escrita mais s’extrema;

É quanto de poesia eu traduzia

No que desnecessário escreveria

Com metro, ritmo, rima e até dilema…

A escrita que é reescrita na leitura,

Não só interpretada e assimilada

Do poema sobre o poema que se poeta.

Portanto, metapoema: Não procura

Nem responde à questão especulada

No arranjo de vocábulos do poeta…

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META/LINGUAGEM

sublingual

A meta é algo além; é projecção

Do vir-a-ser do encanto que me inquieta

N’uma verdade ainda analfabeta,

Que apenas sentimento ou sensação.

A linguagem permite-se expressão,

Quando o verso subverte a sua meta:

Mais do que outra mensagem, busca o poeta

Chamar para as palavras atenção…

A meta da linguagem na poesia

Não é comunicarmos algo a alguém,

Mas sim lhe transmitir o encantamento.

Ao fim, metalinguagem: Haveria-

De pôr beleza o quanto nos convém

Na escrita deslumbrada do momento.

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META/TEMA

anagramado

A meta é solução, não um problema,

Horizonte que o poeta olha profeta;

O tema, a imensidão além dileta

Onde a meta brilhante jaz qual gema;

A meta se anagrama a ser o tema

Do poema que a si mesmo tem por meta:

O tema é tudo d’entre a meta e o poeta.

A meta é tudo após escrito o poema.

A meta e o tema, poético anagrama

Que dá tanto objetivo quanto assunto

Enquanto a meta ao tema se amalgama.

Ou seja, metatema: Por que poeto?

De quanto me rearranjo ou desconjunto,

Para que em verso o espírito inquieto?

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META/TEMPO

axiomático

A meta não é fim em si apenas;

É limite que busco a ver além.

O tempo é tudo quanto se me obtém

Pela transformação a duras penas.

A meta não é tempo d’horas plenas

Ou até mesmo um fim em si, porém,

O tempo n’um só lapso se contém,

Gerando dimensões bem mais amenas.

À meta e ao tempo faz-se a realidade

Enquanto um movimento continuado

E poético do ser ao vir-a-ser

Ou senão, metatempo: N’outra idade,

Um tempo sem futuro nem passado

Longo o bastante para eu m’esquecer.

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META/POÉTICA

linearidade

A meta é, quanto mais saber de si,

O poeta saiba mais saber-se só;

A poética é trazer de volta ao pó,

Algum belo topônimo em tupi.

A meta é a poesia que perdi

Ao m’escrever, somente e só, por dó.

Na poética, os versos vão por mó,

De tanto remoídos dentro em mi.

A meta da poética, outro rito

Onde vão duas retas paralelas

Indo de mais a menos infinito.

Assim, metapoética: Pensamento

Em razão da emoção do que é escrito

Em forma de poesia em movimento.

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META/POIESE

invenção

A meta é ver beleza na saudade:

Belo é o que faz abrir os olhos;

Navega o poeta, nau por entre abrolhos,

Amarrado no mastro da verdade.

A meta é ter desejo e liberdade:

Vero é-o que me liberta de restolhos;

Imprime o poema, tipos entre fólios,

Acorrentado à rocha da vontade.

A meta, bela e vera, outra obra prima

S’encontre pelo ardor que à pena anima

Na intenção de sentido dada ao poema.

No mais, metapoiese: Onde a invenção

Renove toda a escrita na emoção

E sempre surpreender seja seu lema.

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META/MIMESE

verossimilhança

A meta, a imitação da realidade.

No que, senão provável, bem possível.

A meta, o extraordinário e até o incrível

Como se fossem vidas de verdade.

A mimese, profunda qualidade

Que se procura na arte; no intangível

A mimese, copiando o perceptível,

Amplie toda a sensibilidade.

Busca mimetizar tudo ao redor

O poeta ao se compor belas mentiras

Ou especular verdades sobre o amor.

Também, metamimese: Ele embeleza

Com descritivas penas suas liras,

Mas em verdadeiríssima grandeza.

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