Plantio
Inicia-se de um ponto tão distante e não sabido
Escrevo versos repetidos, reprodução cansativa
Meu coração não suporta mais ser tão atingido
Não é mal de amor, é mal de alma apreensiva
Corro pelas ruas, perdida, com quem morrido
Germino em solos inférteis, uma planta nativa
Caule tripudiado, vê o interior todo oprimido
Nesse vão de reviver, tem aflição exaustiva
Cresço rápido, não caibo mais em lugar algum
Falta o essencial, enterra um amor a esquecer
Preciso de um adubo, não encontro nenhum
Esse ciclo é eterno, dia a dia, tento não nascer
Nesse circuito imperfeito, tudo é incomum
Mas se insisto em viver, o que hei de fazer?