Doida alegria
Alegria!
Alegria!
Volúpia de sentir-me em cada dia
mais cansada, mais triste, mais dorida
mas cada vez mais agarrada à Vida!
Fernanda de Castro
Uma alegria doida, primitiva,
isenta de caprichos e segredos
marca-me o rosto em risos francos, ledos
e eu sou a própria deusa, a própria diva...
Mas de onde veio o júbilo sem medos,
a imensa exaltação que eleva e aviva?
Se em meio a tantas dores fui cativa,
por que resistem meus sorrisos quedos?
Por entre as minhas muitas cicatrizes,
por entre os vãos das horas infelizes
plantei o amor na terra embrutecida.
Nasceu o inesperado e doce fruto,
e neste instante efêmero e absoluto
mesmo dorida estou atada à vida!
Foto: arquivo pessoal