Bar raiz
Sóbrias garrafas, cheias da poeira
Trazida pelos ventos do passado,
Guardam um velho sonho embriagado
Dum ébrio que dormiu na sexta-feira
E doutro que sonhou, mesmo acordado,
Com uma flor de lis que ainda cheira,
E enche de saudade a prateleira,
E de retratos a parede ao lado.
O bar é a raiz da poesia
Que cresce noite adentro, dia a dia,
Pra dar à luz à paz da embriaguês.
E ainda que amanheça empoeirado,
Dá sempre uma palhinha pro pecado,
E um ombro para as dores do freguês.