Bar raiz

Sóbrias garrafas, cheias da poeira

Trazida pelos ventos do passado,

Guardam um velho sonho embriagado

Dum ébrio que dormiu na sexta-feira

 

E doutro que sonhou, mesmo acordado,

Com uma flor de lis que ainda cheira,

E enche de saudade a prateleira,

E de retratos a parede ao lado.

 

O bar é a raiz da poesia

Que cresce noite adentro, dia a dia,

Pra dar à luz à paz da embriaguês.

 

E ainda que amanheça empoeirado,

Dá sempre uma palhinha pro pecado,

E um ombro para as dores do freguês.

Herculano Alencar
Enviado por Herculano Alencar em 14/12/2022
Código do texto: T7671922
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